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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Alquimia








O significado da Alquimia pode assumir diversas conotações de acordo com o contexto em que é aplicada e da forma como é interpretada. A alquimia pode ser considerada uma modalidade de ciência, talvez a mais antiga da história da humanidade, que originou diversas outras, inclusive a química contemporânea. Porém, não é possível classificá-la apenas como uma ciência. Isto porque, na alquimia, inclui-se diversos elementos místicos, filosóficos e metafóricos; além de uma linguagem simbólica e interpretativa. Assim, podemos classificá-la genericamente como uma antiga tradição que combina química, física, arte e ocultismo.



Por esse motivo, a alquimia também é classificada como uma ciência ou arte hermética. Neste caso,hermético é uma alusão direta ao lendário Hermes Tris- megistus e significa de difícil acesso e compreensão, reservado apenas para os Iniciados nas artes ocultas.


Esta camada de incertezas relaciona-se também quando se discute a origem da palavra. Alquimia pode ser originada no vocábulo árabe kimia, que por sua vez, deriva-se da palavra egípcia keme, que significa terra negra e era uma das formas usadas para referir-se ao Egito, país onde provavelmente surgiu a alquimia. Ainda, pode-se considerar que a palavra tenha surgido da expressão árabe al khen que tem raiz grega na palavraelkimya e significa o país negro. Também cogita-se uma origem direta no grego, na palavra chyma que se relaciona à fundição de metais.


Os preceitos da alquimia se encontram condensados na misteriosa Tábua Esmeralda. A esmeralda era considerada a pedra preciosa mais bela e com uma simbologia maior.


Uma das características principais dos tratados alquímicos é a linguagem complexa e rebuscada na qual são redigidos. Durante a Idade Média, isto poderia ser um recurso usado pelos alquimistas para que não fossem alvo da perseguição da Santa Inquisição. Porém, também é possível que os autores tentassem ocultar as fórmulas, de modo que apenas outros alquimistas compreendessem.





Símbolos e objetivos


Na linguagem alquímica encontra-se associação de símbolos astrológicos com metais. O Sol, por exemplo, é associado ao ouro; a Lua representa a prata; Marte associa-se ao ferro enquanto Saturno ao chumbo. Animais (mesmo mitológicos como o dragão) e suas características também são usados para definir os elementos e as substâncias e os processos ao qual são submetidos. O unicórnio ou o veado é usado para representar o elemento terra; o peixe representa a água; pássaros fazem referência ao ar e salamandras aludem ao fogo. Ainda, o sal é normalmente representado por um leão verde. A fase de putrefação do processo alquímico é representada por um corvo.



Esta simbologia alquímica é encontrada até mesmo mesclada com ícones do cristianismo medieval. Por exemplo, nas seculares catedrais góticas, há uma imensa combinação de imagens cristãs com animais, símbolos químicos e zodiacais.


De forma geral, pode-se definir três objetivos básicos da alquimia. O primeiro e, conseqüente- mente, mais importante é produzir a chamada Pedra Filosofal (ou mercúrio dos filósofos, entre outros diversos nomes) que seria uma substância obtida a partir de matéria-prima grosseira. Através da Pedra Filosofal seria possível atingir os outros objetivos, que seria a transmutação da matéria (metais inferiores transformados em ouro) e produzir o Elixir da longa vida, uma espécie de medicamento universal que tornaria a pessoa que fizesse uso, imune a qualquer doença. Os sábios alquimistas ocidentais afirmavam que a obtenção de ouro foi um fracasso pela falta de concen- tração e preparação espirituais dos que realizavam as experiências.


Ainda, entre os alquimistas, há uma idéia de criar vida humana de modo artificial. O homúnculo(do latim, homunculus, pequeno homem) seria uma criatura de aproximadamente 12 polegadas de altura que poderia ser criada através de sêmen humano colocado em uma retorta totalmente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias. Assim se formaria um embrião. Possivelmente, Paracelso foi o primeiro alquimista a divulgar este conceito.


Porém, é provável que a verdadeira intenção dos alquimistas era promover uma profunda mutação na alma e na natureza humana. Este objetivo fica camuflado sobre fórmulas químicas e simbologias complexas.




A alquimia na história



Na China, a prática da alquimia estaria associada ao Taoísmo, que é o ensinamento filosófico-religioso chinês. Além da associação à filosofia védica, na Índia, por volta do ano 1000 a.C., que apresenta semelhanças com alguns fundamentos alquímicos. No Egito antigo, era considerada obra do deus Thoth (divindade associada à Hermes Trismegistus. Ainda no Egito, na cidade de Alexandria, a alquimia recebeu influência da filosofia neoplatônica, que se baseia no conceito de que a matéria, apesar de múltiplas aparências, é formada por uma substância única. Esta seria a justificativa para a transmutação almejada pelos alquimistas através da fusão dos quatro elementos fundamentais da Antigüidade: fogo, ar, água e terra.


De qualquer forma, a alquimia floresceu realmente a partir de meados do século VII, quando os povos árabes invadiram o Egito. Assim, o acervo de escritos alquímicos foram traduzidos para os idiomas árabes e sírio. Aproximadamente 300 anos depois, em meados do século X, os mulçumanos introduziram a alquimia no continente europeu, mais precisamente, através da península ibérica, na Espanha.


No século XIII, o conceito de quatro elementos primitivos e geradores da natureza (água, fogo, terra e ar), foi substituído pela idéia de que havia apenas três elementos básicos: mercúrio, enxofre e sal. O alquimista árabe Abu Musa Jabir ibn Hayyan al Sufi (conhecido como Geber) concluiu que os metais eram gerados no interior da Terra e compostos de mercúrio e enxofre. Acreditava-se que ouro e prata eram compostos de mercúrio e enxofre em sua forma pura. Enquanto os outros metais eram formados com enxofre impuro. Dessa forma, concluiu-se que, se através de um processo adequado, fosse possível "purificar" o enxofre, este poderia facilmente ser transmutado em ouro.


No ano de 1525, surgiu uma espécie de "escola de químicos" fundada por Paracelso. A Iatroquímicos(iatros, do grego, médico) tinha como objetivo principal encontrar um meio de que a humanidade se tornasse totalmente imune às doenças naturais. Porém esta causa poderia também ocultar a intenção de encontrar o chamado Elixir da longa vida. Foi também entre Paracelso e os iatroquímicos que surgiu o conceito de quintessência, que neste caso, seria equivalente ao "elemento divino".


Entre os alquimistas mais célebres da história, destacam-se Tomás de Aquino, Paracelso, Nostradamus, Nicolas Flamel e Francis Bacon. Além do lendário Conde de Saint Germain, que teria encontrado a Pedra Filosofal e o Elixir da longa vida.


A alquimia medieval é a responsável pelas bases da química moderna. Além disso, os alquimistas contribuíram imensamente com a medicina contemporânea e deixaram como legado de alguns procedimentos que são utilizados até hoje, como o "banho-maria" (em alusão à alquimista conhecida como Maria, a Judia). Porém, a maior influência da alquimia encontra-se nas ciências ocultas ocidentais agindo diretamente na sabedoria e natureza humana.


Por Spectrum
Agradecimentos à Kimberlly Almeida



A Grande Obra


A primeira tarefa do discípulo consiste na busca da Matéria-Prima. O seu nome tradicional,Pedra dos Filósofos, nos dá uma idéia bastante clara desta substância, servindo-nos para começar a identificá-la. É realmente uma pedra porque ao ser extraída das minas apresenta as mesmas características exteriores que o resto dos minerais. Esta Pedra dos Filósofos, ou sujeito desta arte, não deve ser confundida com a Pedra Filosofal. Dito sujeito unicamente se converte na Pedra Filosofal quando, após ser transformada e aperfeiçoada pela arte, alcança a sua perfeição final e por conseguinte a propriedade da transformação.




Na literatura alquímica, diz-se que a Matéria-Prima tem um corpo imperfeito, uma alma constante e uma cor penetrante, e que contem um mercúrio claro, transparente e volátil. Esconde no seu coração o ouro dos filósofos e mercúrio dos sábios. Recebeu uma multidão de nomes, mas nunca nenhum alquimista revelou publicamente a sua verdadeira natureza. Uma das maiores dificuldades que apresenta a alquimia, consiste em identificar esta matéria. Nos textos alquímicos quase sempre se omite de forma completamente enganosa.


A Obra é preparada e levada a cabo utilizando esta única substância que, após ser identificada, deve ser obtida. Para isso é essencial viajar até o lugar da mina e obter o sujeito no seu estado bruto. Isto em si já é uma tarefa árdua, e é necessário fazer um horóscopo para determinar qual é o momento mais propício. A Obra deve ser realizada na primavera do hemisfério Norte, sob os signos de Áries, Touro ou Gêmeos (a época mais propícia para começar é a de Áries, cujo o símbolo celeste corresponde, a linguagem esotérica ou crítica, ao nome da Matéria-Prima).


Como preliminar à Obra, o sujeito deve ser purificado, libertado dos detritos. Isto se realiza utilizando umas técnicas bem conhecidas pelos metalúrgicos; diz-se, no entanto, que ditas técnicas requerem muita paciência, e esforço.


Outra operação consiste na preparação do fogo secreto, Ignis Innaturalis, também denominado fogo natural. Os alquimistas definem este fogo secreto ouPrimeiro Agente, como água seca que não molha as mãos e como o fogo que arde sem chamas. Este é um tema que deu origem a incontáveis equívocos e confusões. Pontanus, reconhece ter equivocado neste ponto mais de duzentas vezes. Realmente, essa substância é o sal, preparado a partir de cremor tártaro mediante um processo que requer perícia e um perfeito conhecimento da química. O processo inclui a utilização do orvalho primaveril, que se recolhe de uma forma engenhosa e poética e que a continuação é destilado.


Quando já estão preparados, a Matéria-Prima e o Primeiro Agente da Obra, os preliminares se dão praticamente por finalizados. A Matéria-Prima é introduzida num morteiro de ágata (ou de alguma outra substância de grande dureza), é amassada com o maço, misturado com o fogo secreto e umedecida com orvalho. A mistura resultante é introduzida a continuação num recipiente hermeticamente fechado ou Ovo Filosofal, que se coloca no interior do forno deAtenor, o forno dos Filósofos.


Este Atenor está desenhado de tal forma que o ovo pode se manter a uma temperatura constante durante longos períodos de tempo. O fogo exterior estimula a ação do fogo interior, razão pela qual deve ser controlado; em caso contrário, embora o recipiente não se rompa, todo o trabalho se estragará. Durante essa etapa inicial, o calor do nascimento dos pintinhos tem muitos pontos em comum com o processo alquímico.


Dentro do ovo, os dois princípios contidos na Matéria-Prima - um solar, quente e masculino, conhecido como enxofre, e o outro lunar, frio e feminino, conhecido como mercúrio- atuam um sobre o outro.


Então, estes dois que Avicena chama a cadela Corascene e o cão armênio - escreveNicolas Flamel - estes dois, digo, ao colocá-los juntos no recipiente do sepulcro, se mordem de uma forma cruel e pelo seu forte veneno e terrível ira nunca se soltam a partir do momento em que se agarram (se o frio não o impede) até que os dois, como conseqüência das suas babas venenosas e dos seus ataques mortais, terminam completamente ensangüentados e acabam matando-se e cozinhando-se no seu próprio veneno que, depois da sua morte, os converte em formas naturais e primitivas, para passar depois assumir uma forma nova, mais nobre e melhor. Desta forma, à morte - que é uma separação - lhe segue um longo processo de decadência que dura até que tudo apodrece e os contrários se dissolvem no nigredo líquido. Esta escuridão que supera todas as outras escuridões, este "negrume entre os negrumes" é o primeiro signo inequívoco que se está no bom caminho; daí o aforismo dos alquimistas: "Não há geração sem corrupção".


A etapa de negrume acaba quando a superfície do mercúrio voa pelo ar alquímico dentro do microcosmo do Ovo Filosofal, no ventre do vento, recebendo as influências celestinas e purificadoras de cima. Volta a cair, sublimado, sobre a Nova Terra que finalmente emerge. Ao ir aumentando muito lentamente a intensidade do fogo exterior, as partes secas vão ganhando terreno sobre as úmidas, até que o continente aparecido se coagula e se desseca completamente. Enquanto isto sucede, aparece um incontável número de belas cores que correspondem à etapa conhecida como Causa do Pavão Real.


No final do segundo trabalho, aparece a Brancura, o albedo. Quando se alcança a Brancura, diz-se que o sujeito já tem força suficiente para resistir ao calor do fogo e só tem que dar um passo mais para que o Rei Vermelho ou Enxofre dos Sábios, saia do ventre da sua mãe e irmã, Ísis ou o mercúrio, Rosa Alva, a Rosa Branca.


No terceiro trabalho se recapitulam as operações do primeiro, que adquirem agora um novo significado. Começa com pompa de uma boda real. O Rei se reúne no Fogo do Amor (o sal ou fogo secreto) com a Rainha bendita. Como Cadmo atravessou a serpente com a sua lança, o enxofre vermelho fixa o mercúrio branco; e com esta união se consegue a perfeição final, nascendo a Pedra Filosofal.


Resumindo brevemente: 

Dentro da Obra existem três pedras ou três trabalhos ou três graus de perfeição. 

O primeiro trabalho termina quando o sujeito está completamente purificado (mediante sucessivas destilações e solidificações) e reduzindo a uma

substância mercúrica pura. 

O segundo grau da perfeição se alcança quando dito sujeito foi cozido, digerido e fixado, convertido-se no enxofre incombustível. 

A terceira pedra aparece quando o sujeito foi fermentado, se multiplicou e alcançou a Perfeição Final, sendo uma tintura fixa e permanente: a Pedra Filosofal. 

Autor Desconhecido


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Fontes:

Texto: http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/ciencias/alquimia.htm
Imagens: https://www.google.com.br



segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Animais Mitológicos



Dez animais clássicos criados pela imaginação humana



Alguns, como dragões, sereias e o unicórnios, ainda resistem. Outros caíram no esquecimento, como o basilisco e a mantícora.

Cérbero
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Na Teogonia do poeta grego Hesíodo, Cérbero era um cão com 50 cabeças. Seria difícil equilibrá-las em um só cor- po. A tradição posterior, mais econômica, consagrou o monstro com apenas três cabeças – assim ele é referido pelos poetas latinos Ovídio e Virgílio (e assim aparece na página anterior). Ele também aparece com uma cobra no lugar do rabo, ou com uma cauda venenosa como a do escorpião. Esse cachorro horrendo era encarregado de guardar a casa de Hades, o inferno da mitologia grega. Sua maior responsabilidade era evitar que os mortos saíssem de lá. Trazê-lo à luz do dia foi um dos 12 trabalhos de Hércules (ou Heracles, em grego). O herói atracou-se com o cachorro e domou-o à unha.
Mas, quando apresentou o bicho de três cabeças ao rei Eristeu, que havia encomendado os 12 trabalhos, o monarca ficou tão apavorado que se escondeu dentro de um vaso. Hércules então devolveu Cérbero a seu dono original, Hades. Na Divina Comédia, Dante coloca Cérbero no terceiro círculo do Inferno, onde são castigados aqueles que cometeram o pecado da gula. Com suas três bocas ferozes, o monstro rasga e esfola os podres gulosos.


Unicórnio


Para se aproximar de um unicórnio, animal ligeiro e esquivo, o caçador deve trazer uma jovem virgem para o bosque em que ele habita, deixando-a sozinha, com os seios desnudos, em uma clareira. O unicórnio vem, timidamente, beijar os seios da donzela, que o aninha em seu colo. O pobre bicho acaba adormecendo e assim se deixa capturar ou matar. A lenda repete-se, com algumas variações, em vários bestiários medievais. A moral cristã é óbvia: o unicórnio é Cristo, a virgem é Maria, o caçador são os homens que levaram Jesus à cruz etc. Vale lembrar que, até então, o unicórnio não era o garboso cavalo branco que imaginamos hoje. Seria menor, com corpo de cabra. A característica que se mantém constante é, claro, o chifre único. Outros textos medievais fazem do unicórnio um inimigo do elefante ou do leão. Aliás, o unicórnio e o leão aparecem brigando em um divertido episódio de Alice Através do Espelho – Lewis Carroll usou os dois animais para aludir a disputas políticas da Inglaterra vitoriana.
Na tradição chinesa, a aparição do bicho anuncia o nascimento de um rei virtuoso. Porém, um escritor chinês anônimo do século 9 coloca em dúvida esse sinal de bom agouro, pois ninguém sabe ao certo como será esse animal: “Sabemos que tal animal com crina é um cavalo e que tal animal com cornos é um touro. Não sabemos como é o Unicórnio”. Como todos os animais desta lista, o unicórnio é um enigma da nossa imaginação.


Dragão


A cultura pop consagrou o dragão como a fera medieval por excelência. Ele aparece sempre colocando fogo pela boca para torrar o bravo cavaleiro dentro da armadura – é assim, por exemplo, que ele (aliás, no caso, ela) figura no desenho Shrek. Os textos medievais, porém, não mencionam o bafo de fogo do monstro. Um bestiário conservado em Cambridge, Inglaterra, diz até que a força do dragão não está tanto em sua mordida, mas em seu poderoso rabo! É com a cauda que ele derruba o elefante, seu inimigo natural.
Na tradição cristã ocidental, o dragão é associado ao mal – confunde-se até com a serpente que tentou Eva no Paraíso. Na mitologia chinesa, porém, ele é um ser divino, um dos quatro animais mágicos – os outros são o unicórnio, a Fênix e a tartaruga. Como se vê, o dragão aparece com diferentes características em diversas épocas e culturas. Geralmente, é um ser alado, mas também há versões terrestres. Seu corpo às vezes tende ao lagarto, às vezes à serpente – mas sempre com proporções agigantadas. Talvez por esse caráter polivalente, é um dos monstros mais populares. O escritor argentino Jorge Luis Borges observa que, de tanto figurar em contos de fada, o dragão acabou se tornando uma criatura pueril, que já não nos mete medo.



Mantícora



Cabeça de homem, corpo de leão, cauda de escorpião: assim Plínio, o Velho, descreve a mantícora, que teria ainda três fileiras de dentes e uma incrível velocidade. Sua voz combinaria os timbres da flauta e da trompa. O prato preferido desse monstro não poderia ser outro: carne humana. Os bestiários medievais modificam muito pouco essa descrição. Acrescenta-se um ou outro detalhe, como, por exemplo, olhos de cabra. Apenas a voz ganha novas inflexões: como uma espécie de sereia terrestre, a mantícora seria capaz de atrair os homens com seu canto – somente para devorá-los, é claro. Os textos antigos situam a mantícora na Índia, mas a fera foi transplantada e adaptada para o Brasil colonial: alguns viajantes mencionam o hay, fera de garras enormes e rosto simiesco, muito temida pelos índios. Ao contrário do modelo original, porém, o hay não era antropófago: alimentava-se de ar. A mantícora é um monstro terrível, mas sua lenda é um tanto pobre. Em A Tentação de Santo Antônio, Gustave Flaubert daria uma versão mais ornamental à fera. “Devoro os exércitos quando eles se aventuram nos desertos”, vangloria-se a mantícora do escritor francês.


Grifo

O Physiologus diz que o grifo é a “maior de todas as aves do céu”. Mas essa obra do século 4 não ajuda na descrição física do pássaro. Os bestiários medievais são mais ricos em detalhes: trata-se de um quadrúpede alado. Seu corpo é de leão, mas a cabeça e as asas são de águia – e também as garras enormes e curvadas com que dilacera homens e animais. São criaturas poderosas: um grifo sozinho levanta um boi e o leva para seu ninho, onde o infeliz bovino serve de papinha aos filhotes do monstro. Os grifos são inimigos jurados dos cavalos.
O significado moral do grifo varia conforme a fonte consultada. O bestiário do clérigo francês Pierre de Beauvais, do início do século 12, diz que o animal representa o diabo. O boi caçado pelo grifo seria a alma do homem devasso, e os pequenos grifinhos que picam o boi seriam os demônios que atormentam a alma pecadora por toda a eternidade. Outros textos, porém, dão ao grifo uma aparência quase divina. Isidoro de Sevilha, em suas Etimologias (século 7), compara esse animal híbrido a Jesus: “Cristo é leão porque reina e tem força; e é águia, pois, depois da ressurreição, sobe aos céus”.


Pégaso


O cavalo alado servia aos deuses do Olimpo. Mas também está associado às aventuras de Belerofonte. Foi montando Pégaso que esse herói grego deu cabo da Quimera, um monstro terrível (leão na frente, dragão atrás, e com cabeça de cobra que cuspia fogo). Nas costas de Pégaso, Belerofonte venceu as Amazonas, tribo de mulheres guerreiras. Após a morte do herói, Pégaso voltou ao Olimpo e virou uma constelação.
É sem dúvida uma das formas mais belas da mitologia. Seu nascimento, porém, está ligado à horrenda Medusa, mulher com cobras no lugar de cabelos e cujo olhar transformava as pessoas em pedra. Quando Perseu decapitou esse monstro, Pégaso brotou de seu pescoço (outra tradição diz que do sangue da Medusa teria nascido o basilisco). Em sua Teoria Estética, o filósofo alemão Theodor Adorno vale-se desse mito para argumentar que a beleza nasce do terror.


Fênix


O mito da ave Fênix nasceu da tradição egípcia, mas a partir dela foi moldado por gregos e romanos. Originalmente – ou pelo menos foi assim que narrou o grego Heródoto – a Fênix viajava da Arábia ao Egito para trazer o corpo de seu pai dentro de um ovo de mirra. Isso acontecia a cada 500 anos. Nas versões posteriores, manteve-se o caráter cíclico da viagem, mas a morte do pai desaparece. Quando sente que está envelhecendo, a ave reúne plantas aromáticas e vai para o templo do sol, no Egito. Lá, ela usa as asas para criar uma fogueira, na qual se consome. Das cinzas nasce um novo pássaro, igual ao anterior.
As descrições da ave variam, mas são sempre coloridas: fala-se que tem asas púrpuras e pescoço dourado.
O Physiologus fez da Fênix um emblema da ressurreição de Cristo, e a maioria dos bestiários medievais segue essa tradição. Sua forma de reprodução assexuada contribuiu para fazer desse prodígio pagão uma das criaturas preferidas do cristianismo.


Minotauro


“Homem metade touro, touro metade homem.” Assim foi descrito o minotauro pelo poeta latino Ovídio. Falta apenas especificar que a metade touro é a de cima – isto é, a cabeça. Nesse sentido, o minotauro é mais bestial que os elegantes centauros, cavalos com cabeça humana. No mito original, o monstro nasce da união entre Parsífae, mulher do rei Minos, e um belo touro branco enviado pelo deus Posêidon. Minos, envergonhado, manda que o engenhoso Dédalo crie um labirinto onde esconder o fruto aberrante do adultério de sua esposa. Periodicamente, sete donzelas e sete jovens de Atenas eram levados em sacrifício ao labirinto, onde Asterion – assim se chamava o minotauro – os devorava. Foi assim até que o herói Teseu ofereceu-se voluntariamente para participar do sacrifício – e matou o monstro. Essa lenda grega provavelmente guarda ecos da antiga civilização minóica, que venerava o touro em seus rituais.
Na Divina Comédia, Dante coloca o minotauro – e também os centauros – no sétimo círculo do Inferno, reservado aos temperamentos violentos. No século 20, o minotauro ganharia uma versão literária mais digna pela mão do argentino Jorge Luis Borges, no conto “A casa de Asterion”, do livro O Aleph.


Basilisco


Ele é o rei dos répteis. Plínio, o Velho, descreve-o como uma serpente com uma mancha branca em forma de diadema na cabeça – o sinal faria as vezes de coroa, já que “basilisco” quer dizer “pequeno rei”. Não se conhece veneno mais potente que o seu. O hálito do monstro não só mata tudo a seu redor, mas faz até os pássaros despencarem do céu. Por onde ele passa, a grama não torna a nascer. Plínio conta de um cavaleiro que feriu um basilisco com a lança. O veneno, porém, subiu pela lança, matando o valente cavaleiro e seu cavalo! Só não se explica como o frustrado herói teria conseguido se aproximar do monstro – pois o basilisco lança seu veneno pelo olhar, matando tudo o que vê. O único animal capaz de derrotá-lo é a doninha.
Os bestiários dariam características ainda mais bizarras ao rei dos répteis. O basilisco seria gerado de um ovo de galo velho (não, leitor, não é engano: ovo de galo, não de galinha) chocado por um sapo. Teria partes de serpente, mas crista e corpo de galo. Os perigos dessa figura um tanto ridícula não devem ser subestimados: o basilisco medieval conservava o olhar fatal que lhe atribuíam os autores antigos. O poeta espanhol Quevedo exporia a incongruência interna do mito em quatro versos: “Se está vivo quem te viu, / Toda a tua história é mentira. / Pois se não morreu te ignora, / E se morreu não o afirma”.


Sereia


O episódio mais célebre das sereias está na Odisséia de Homero. Eram criaturas do mar, cujo canto seduzia os marinheiros que acabavam por perder o rumo. Astuto, Ulisses tapa os ouvidos de sua tripulação com cera e se faz amarrar ao mastro do navio. Os remadores seguem adiante, surdos, enquanto o herói ouve, impotente, o irresistível chamado das sereias. O poema não inclui uma descrição física desses seres. Nós, leitores modernos, tendemos a imaginá-los como belas mulheres com rabo de peixe – princesinhas submarinas, mais ou menos nos moldes de A Pequena Sereia, desenho dos estúdios Disney. Na Antiguidade, porém, a sereia não perdia em monstruosidade para o minotauro. Originalmente, não tinha rabo de peixe: era metade mulher, metade pássaro. É lá pelo século 6 que surge a versão da mulher-peixe. Alguns bestiários medievais apresentam a sereia em três versões – como um híbrido de mulher com peixe, ave ou cavalo. A mulher-peixe canta; a mulher-cavalo toca trompa; a mulher-ave dedilha uma harpa. Seja qual for o instrumento, a música tem sempre a finalidade de fazer o homem adormecer, para que a sereia possa matá-lo. O folclore brasileiro abriga uma espécie de sereia de água doce – a Iara.
Uma das versões literárias mais enigmáticas deste velho mito é “O silêncio das sereias”, conto do checo Franz Kafka. “As sereias têm uma arma mais terrível do que o canto: o seu silêncio.”

Para saber mais:

Na livraria
Bestiario Medieval, Ignácio Malaxecheverría (org.), Espanha, Siruela, 1999
Dicionário de Mitos Literários, Pierre Brunel (org.), José Olympio/UNB, 1998
O Livro dos Seres Imaginários, Jorge Luis Borges, Globo, 2000
Natural History – A Selection, Pliny the Elder (Plínio, o Velho), Reino Unido, Penguin Books, 1991

Na internet
www.abdn.ac.uk/bestiary/bestiary.hti
www.hum.au.dk/romansk/borges/vakalo/zf/Default.htm

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Fontes: 
Texto: http://super.abril.com.br/ciencia/dez-animais-classicos-criados-pela-imaginacao-humana
Imagens: www.google.com.br

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O que são chakras?



Segundo religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, são centros de energia que regem a nossa estabilidade física, intelectual, emocional e espiritual.

comida religiãoILUSTRA: Luda Lima
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Segundo religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, são centros de energia que regem a nossa estabilidade física, intelectual, emocional e espiritual. A palavra chakra vem do sânscrito e significa “roda”, pois se acredita que eles são vórtices que não param de girar, agindo como antenas, recebendo e emitindo sinais de energia vital em pontos específicos do nosso corpo. Quando um chakra está desequilibrado, afeta os órgãos ao seu redor. O registro mais antigo dos chakras é proveniente dos Vedas, as escrituras sagradas do hinduísmo, que surgiram no século 2 a.C. Porém, essa crença se popularizou de tal maneira que ultrapassou as barreiras da cultura hindu, atingindo outras tantas, inclusive ocidentais. Segundo os hindus, os chakras se encontram e fundem nas Nadis, que são caminhos invisíveis dentro do nosso organismo, funcionando como canais condutores por onde circula a nossa energia vital. Cada chakra influencia uma ou mais áreas específicas da nossa personalidade e saúde. Algumas passagens do Vedas falam que existem 32 chakras, e outras até 88 mil, mas a maioria concorda sobre a existência dos sete principais, que percorrem toda a nossa coluna vertebral.
1. Muladhara Chakra
Cor – Vermelho
Elemento – Terra
Meditação – Busque compreender a base da nossa sobrevivência, a materialidade da vida e do prazer. O mantra é LAM
Funções – É o chakra que busca a energia ascendente da terra e leva para o nosso corpo. Ele é o responsável por nossa vitalidade e nosso zelo pela sobrevivência – principalmente nas necessidades básicas, como comer e dormir. Quando desalinhado, nos causa, entre outras coisas, uma sensação de insegurança constante
2. SwadhistHana Chakra
Cor – Laranja
Elemento – Água
Meditação – Tentar equilibrar o seu próprio poder de atração, sedução e criatividade, enquanto repete o mantra VAM
Função – Responsável, principalmente, por dois dos nossos impulsos mais fortes: o criativo e o sexual. Acredita-se que, na nossa adolescência, esse chakra está atuando com a sua maior capacidade. Quando desalinhado, ele pode causar problemas de impotência sexual, além de doenças na bexiga
3. Manipura Chakra
Cor – Amarelo
Elemento – Fogo
Meditação – Reflita sobre suas escolhas de vida e tente respeitar a sua própria individualidade e visão de mundo. O mantra é RAM
Função – É onde mora o seu ego. Quando muito energizado, pode torná-lo uma pessoa egocêntrica e narcisista. Quando o contrário acontece, a sua autoestima não vai se encontrar em um bom estado. Também tem uma função vital na sua personalidade e em seu poder pessoal. Por isso, você pode reconhecer um bom alinhamento desse chakra em bons líderes
4. Anahata Chakra
Cor – Rosa ou verde
Elemento – Éter (fusão dos demais elementos)
Meditação – Enquanto medita, deixe o amor fluir e o sinta com a maior intensidade possível. Procure sentir a compaixão por todos os seres vivos. Repita o mantra YAM
Funções – Energiza o sangue e todo o nosso sistema cardiorrespiratório – por isso, doenças cardíacas podem ser um indício do chakra desalinhado ou enfraquecido. É o centro do amor e sabedoria nas relações emocionais. Quando bem trabalhado, não apenas irá te ajudar nos relacionamentos como também te deixará mais suscetível a sentir compaixão
5. Vishuddha Chakra
Cor – Azul-celeste e azul-claro
Elemento – Éter
Meditação – Compreender como se comunicar interna e externamente, enquanto repete o mantra HAM
Funções – Fica na frente da garganta e está ligado à tireoide. É essencial para a sua capacidade de comunicação. Quando ele está equilibrado, você se torna uma pessoa bem gesticulada e expressiva. Já quem não trabalha esse chakra corre o risco de tornar-se daqueles que engolem “sapos” sem reclamar e acabam guardando tudo para si
6. Ajna Chakra
Cor – Azul-índigo e branco
Elemento – Éter
Meditação – Busque desenvolver a intuição e a capacidade de olhar o outro sem julgamento. O mantra é o famoso AUM
Funções – Fisicamente, é ele que revitaliza o sistema nervoso e a visão. No que tange ao psicológico, esse chakra trabalha, entre outras coisas, a capacidade de concentração e, principalmente, a intuição. Na tradição hinduísta, é conhecido como “o terceiro olho”, pois ele pode enxergar coisas além do material. Quando desalinhado, pode causar dores de cabeça e pesadelos
7. Sahasrara Chakra
Cor – Violeta e branco-fluorescente ou dourado
Elemento – Éter
Meditação – Tentar transcender a matéria, conectar-se com o divino e encontrar a iluminação máxima. Mantra SHAM
Funções – É o mais importante dos chakras, pois realiza a nossa ligação com a energia superior, o Universo. Consequentemente, torna-se o mais complicado dos sete principais. Como encontrar a compreensão necessária para sentir-se conectado a toda energia do mundo? Para isso, é necessário que todos os outros seis chakras estejam em equilíbrio máximo. Acredita-se que pouquíssimas pessoas conseguiram alinhar o Sahasrara
O que é mantra?
É uma sílaba ou poema, normalmente em sânscrito, que, quando repetido corretamente e continuamente, te ajuda a relaxar e meditar. Para cada objetivo de meditação existe um mantra mais adequado. Dentro da crença hindu, ao usar a meditação e a disciplina, você será capaz de equilibrar corretamente todos os sete chakras principais e assim passar a viver uma vida saudável, feliz e plena.









TDF SUGERIU: Miguel Lima
CONSULTORIA Simone Kobayashi, especialista em terapia holística
FONTES Livros A Anatomia Oculta: Chakras, de Alberto de Moraes, Os 7 Chakras: Os Significados dos Chakras, de Alina Rosas, O Chakra 7, de Alex Toro, Chakras – Centros de Energia e Transformação, de Harish Johari e Vedas

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Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/cotidiano/o-que-sao-chakras/